quarta-feira, 15 de março de 2017

Curitiba/PR realiza a abertura do Ano da Família

Empenhada em fortalecer o Santuário Tabor Magnificat, a família celebrou a conclusão da 1ª etapa da Casa de Retiros e refletiu sobre o Ano Mariano e o Ideal Tabor, que irão nortear todos os trabalhos de 2017


Unida em torno do Santuário Tabor Magnificat, a Família de Schoenstatt de Curitiba/PR reuniu, no dia 5 de março, representantes dos ramos, comunidades e romeiros de Schoenstatt para a abertura das atividades de 2017.

Um ato simbólico marcou o começo do encontro, quando entregaram sobre o altar do Santuário um tijolo, representando o empenho e as contribuições ao Capital de Graças de toda a Família em prol da primeira etapa construída da Casa de Retiros Pe. José Kentenich.

Após a cerimônia, foram promovidas palestras e mesas-redondas entre os membros ali presentes, com o objetivo de realizar uma retrospectiva do ano anterior, bem como de abordar e refletir sobre os rumos do ano que estava sendo oficialmente iniciado. João Paulo Oliveira, presidente do Conselho da Família de Schoenstatt, citou o Congresso de Outubro de 2016 da Regional Paraná, realizado na cidade de Londrina/PR, em que compareceram todos os líderes dos ramos do Estado.

“Juntando Schoenstatt em saída com o Ano da Misericórdia e o Amoris Laetitia, o lema do ano passado foi ‘Na Misericórdia do Pai, santidade e missão na família’. A partir disso, tivemos formações e chegamos a algumas conclusões: houve uma ampla maioria de participantes que achou que o congresso foi um importante espaço para renovar o ardor apostólico e missionário, sair da comodidade, então Schoenstatt em saída. Isso deve ser concretizado através do compromisso maior com a Igreja, do Movimento estar presente nas paróquias. Ainda apoiar o Ano Mariano Nacional, que é este ano de 2017 e fortalecer os projetos apostólicos existentes”, relatou João.

Após, a também presidente do Conselho Aline Russi trouxe ao público as linhas que irão nortear os trabalhos do Santuário Tabor Magnificat em 2017. “Esse ano temos o jubileu do Ideal Tabor, completam-se 70 anos da vinda do Pai Fundador ao Brasil, além dos 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul. Como família, devemos começar a pensar como vamos viver o Ano Mariano aqui no nosso Santuário e também dentro dos nossos ramos, e também resgatar o Ideal Tabor. Será que sentimos a essência do que é o Tabor, de que devemos viver tanto dentro do nosso ramo quanto dentro das nossas casas? ”, questionou ela.

O casal Ana Paula e Guilherme Paiva, do Instituto de Famílias de Curitiba/PR, demonstraram algumas reflexões sobre os dois temas. “No Ano Mariano o Papa Francisco nos proclama a vivenciarmos uma vinculação maior a Maria e dentro do nosso movimento o nosso Pai Fundador nos chama a experimentar novamente as graças da proclamação do Ideal Tabor, já há 70 anos. Então nós temos o Papa e o Pai Fundador falando diretamente ao Brasil. É um ano de muitas graças”, disse Ana Paula.

O Ano Mariano

Para melhor introduzir o contexto, foi citada a primeira vez em que a Virgem Maria teve uma aparição na América Latina. Em 1531, Ela apareceu para o índio Juan Diego, na cidade de Guadalupe, no México, que é considerado o primeiro país latino-americano partindo do Norte para o Sul. Depois, Nossa Senhora foi descendo pela América Latina, até que em 1717 apareceu para pobres pescadores no Brasil.

Segundo Ana Paula, “Maria tem feições latinas e indígenas em sua imagem de Guadalupe e depois, quando chega ao nosso país, ela tem feições negras. Ela sempre traz feições do povo que havia encontrado, inclusive dos nossos caipiras pira poras, dos escravos, dos pobres, não só os pobres de riquezas materiais, mas os pobres espirituais também, quantas vezes nós não somos pobres espirituais? Quantas vezes nós não precisamos nos libertar de algumas correntes que nos prendem? A Mãe vem nos libertar de tudo isso”.

A partir do encontro libertador no rio Paraíba do Sul, inúmeros milagres foram realizados pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, fazendo a devoção crescer mais e mais, a ponto de integrar a própria cultura popular e a espiritualidade brasileira, em meio ao “calor humano”, típico do povo latino-americano. Tal característica é tão reconhecida mundialmente, que o Pe. José Kentenich chegou a dizer que “a salvação da Europa passa pela América Latina”. 

“Ele sabia que os problemas vocacionais, pelos quais inclusive o nosso movimento está passando na Europa, passam pelo calor humano, pela forma de vinculação, pelo carinho que as pessoas demonstram entre si”, concluiu a palestrante.

O Jubileu do Ideal Tabor

Junto com os 70 anos da proclamação do Ideal Tabor no Brasil, também se comemoram 75 anos do marco histórico de 20 de Janeiro de 1942 – quando o Pe. Kentenich decidiu livremente ir como prisioneiro para o Campo de Concentração de Dachau, Alemanha, em prol da Obra de Schoenstatt –, e 75 anos da divulgação da Obra de Marias.

Em meio a tantos acontecimentos marcantes, sempre destacaram-se as atitudes e palavras do Pai Fundador, decisivas para o crescimento e fortalecimento do Movimento de Schoenstatt em terras brasileiras. “O interessante é que na primeira visita do Pai Fundador ao Brasil, notamos, pelos registros da época, que ele se sentiu muito à vontade aqui, apesar de falar alemão que é uma língua muito diferente, veio de uma cultura diferente, assim que ele chegou viu que tinha algo especial, pois se sentia em casa”, contou Guilherme Paiva, que inclusive recordou a célebre citação de Pe. José Kentenich: “Não sei se vossa disposição é semelhante à minha. Eu não me sinto deslocado entre vós, é verdade que são rostos estranhos, idioma estranho, porém a vida interior tem o mesmo fundamento”.

Ele veio até o nosso país em 1947, após a sua libertação do campo de concentração resultante do fim da 2ª Guerra Mundial. Por conta de o mundo estar polarizado no pós-guerra, enfrentou muitas dificuldades de ordem de relações exteriores para chegar à América Latina. Mesmo assim, recebeu muitas graças da Mãe de Deus e conseguiu realizar todo o roteiro necessário para entrar em contato com frutos de suas obras até então pouco conhecidos. Primeiro, chegou no Rio de Janeiro/RJ, decidiu se dirigir a Santa Maria/PR, a partir disso viajar sentido Norte, até chegar ao Paraná.

Os principais objetivos do Pai Fundador nesta viagem eram “experimentar as glórias da querida Mãe Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt, combinar-se com os membros da Aliança de Amor para, segundo suas próprias palavras, ‘preparar e ampliar ainda mais a glorificação da querida Mãe de Deus’, além de acrescentar seus ‘agradecimentos por ter-lhes conservado a fidelidade e a Aliança durante todos esses anos’. Ele era muito grato às irmãs missionárias que vieram e mantiveram a fidelidade à Aliança e aos propósitos de Schoenstatt”, enunciou Guilherme. “Queremos conquistar o Brasil inteiro” foi a frase pela qual o Pai resumiu suas aspirações para o Brasil, traduzidas no Ideal Tabor.

O ideal surgiu após recitar para Irmãs de Maria o “Hino da Minha Terra”, oração presente no livro “Rumo ao Céu”, especialmente a estrofe “sim, eu conheço essa terra maravilhosa, é o prado de Sol no brilho do Tabor”.  De acordo com Ana Paula Paiva, “ele disse que naquela cena do Tabor Bíblico, com a transfiguração de Jesus ocorreu a transfiguração de todos nós, experimentamos a perfeição, a santidade, o heroísmo, e é isso que ele queria nos filhos de Schoenstatt. A nossa terra natal, terra de Schoenstatt, é justamente o ‘prado de Sol no brilho do Tabor’. O Pai Fundador então proclama, conforme a vida que já existia e já era gerada em nosso País, o Ideal Tabor, para dele fluir a força de Cristo, que resplandeceu no Monte Tabor e nos mostrou a Sua santidade e a santidade de Deus. No Tabor deve também resplandecer as glórias de Maria, a Mãe de Deus deve realizar o milagre da transformação”.

Os resultados das reflexões

Após as exposições de temas, grupos formados por todas as pessoas ali presentes participaram de mesas-redondas a fim de responder como o Santuário Tabor Magnificat poderia vivenciar melhor o Ano Mariano e o Jubileu do Ideal Tabor.

As principais conclusões, apresentadas ao público em geral, foram aumentar o nível de profundidade espiritual, recorrendo a literaturas como “O Ideal Tabor”, do Pe. Alexandre Awi Mello, para “obter formas concretas de vivenciar o ideal, de recordar, viver, agradecer e levar o estilo de vida de Schoenstatt para fora do Santuário”; viver o Ano Mariano dentro das famílias e  ramos por meio da divulgação da devoção à Mãe Três Vezes Admirável; reforçar a prática de orações marianas e terços, tanto no Santuário quanto nas paróquias; aprofundar-se nas graças do Santuário, dar testemunho aos que ainda não o conhecem e acolher as pessoas carentes de espiritualidade; usar a comunicação para divulgar ao público as características e ações de cada ramo; e promover a unidade entre os ramos, integrando-os em projetos e atividades que já existem. Resta a todos “arregaçar as mangas” e partir para a Missão!